sexta-feira, 1 de junho de 2007

Verdades pútridas

Cristalinas cachoeiras de lodo, óleo, merda e limo
Descendo em fúnebre harmonia, coloridas sacolas de lixo
Que travam incessante batalha com restos de vida animal
Prisioneiros do seu hábitat, já tão pouco natural

Vai o planeta secar
Vai, homem, se matar!


Sonolentas cachoeiras rastejando sem vontade
Pintando com seu sangue negro as apodrecidas margens
Dignas de piedade, verdadeiras marginais,
Deplorável conseqüência do crescimento das capitais

Vai o planeta secar
Vai, homem, se matar!


Líquido que dá a vida e recebe, em sinal de gratidão,
Os fétidos resquícios do processo de urbanização
Regurgitados friamente pelo filho prodigioso
Sedento de riqueza, repugnante e inescrupuloso

Vai o planeta secar
Vai, homem, se matar!


Essencial para a existência, supostamente inesgotável
Usado irresponsavelmente, hoje corre risco considerável
Graças às façanhas do homem, suposto ser pensante
Anti-social, selvagem, inconseqüente, ignorante

Vai o planeta secar
Vai, homem, se matar!